O relato de uma mãe sobre o seu parto, ocorrido na Casa de Saúde de Santa Maria, em 12 de março, têm repercutido nas redes sociais. O assunto virou ocorrência policial e tema de debate na Câmara de Vereadores de Santa Maria.
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Bruna Fani Duarte, 23 anos, publicou uma nota no Facebook, nesta quarta-feira, com o título ELES MATARAM O MEU FILHO (Relato de parto e pós parto- violência obstétrica em Santa Maria). Até o final da manhã desta quinta, havia 1.516 compartilhamentos e mais de 2,3 mil curtidas.
No texto, a jovem relata o atendimento que recebeu no hospital e relaciona a morte de Vicente, seu filho, com o descaso de profissionais da instituição.
Segundo Bruna, a gravidez foi normal e considerada saudável, assim como o bebê. Quando a bolsa estourou, ela foi para a Casa de Saúde, levando os exames da gestação. Ela diz ter ficado durante muito tempo sem acompanhamento médico, mesmo relatando dores e sofrendo desmaios. Ao sentir que não teria condições de passar pelo parto normal, pediu para ser feita cesárea e, nesse momento, a enfermeira teria dito que seria necessário falar sobre valores.
– É tudo muito desumano. Eu preferia ter parido com uma parteira do que ter que passar por tudo que eu passei com pessoas que se dizem profissionais. Durante toda a ¿expulsão¿ do bebê, a obstetra ficava me fazendo ameaças, dizendo que, se eu não ajudasse, ela ia me deixar na sala de parto a noite toda – contou Bruna à reportagem.
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Vicente nasceu de parto normal. Segundo a mãe, o bebê sofreu de anóxia (falta de oxigênio que pode deixar sequelas) por conta do parto normal forçado. Com a anóxia, a indicação seria de internação do bebê em UTI neonatal, mas não havia vaga no Husm. No dia seguinte, a criança teve uma convulsão e, depois disso, foi levada para a UTI do Husm por alguns dias. Quando estava com a respiração estável, deixou o leito e foi internado na enfermaria. Vicente morreu aos 45 dias de vida, segundo Bruna, depois de vomitar durante a noite e não ter sido avaliado pelo médico de plantão.
'Eles não só acabaram matando o meu filho, como mataram um pouco de mim, dos meus sonhos, acabaram com a minha maternidade, meu futuro e meus planos. Eu tô aqui, com todas as coisas dele, com o quarto dele, com a minha vida para ele e ele se foi', diz Bruna, em seu relato.
Bruna registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA). Até esta quinta-feira, a delegada Luiza dos Santos Souza não tinha tido contato com a ocorrência. Bruna também procurou a Câmara de Vereadores, onde relatou os fatos às comissões de Saúde e de Direitos Humanos. Os vereadores devem acompanhar o caso e reunir-se com prefeitura e hospital.